sábado, março 27, 2004

Disseram-me que não há recordações do tempo em que as ruas evitavam ser filmadas, hoje se conhece o mais abjeto ser no Congresso Nacional, e pelos bondes as câmeras exigem que tu sorrias, focalizam os assaltos e as pessoas cagando de medo das balas e dos socos e dos cães de briga, mas és obrigado então a observar, telespectador do tédio, senão tu pagas prenda, é a mais pura verdade, não tente iludir-se. Não prefira escolta, nada resolve. Não há luz, nem formas deslumbrantes, nem malabarismos outros para tranformar o ser, mas a exigência é sorriso e a civilidade, senão tu pagas prenda definitivamente. E não invadem a contingência real para se descobrir se pisam em teu pé, nem nada. Aponta-se, sentencia-se e pronto. Não se admite recurso. Do nada, bocas nada atraentes te humilham, te desejam dores e decaptações constantes. Para onde foi sua candura indecente? Se bem que indecência é falaz, mas pelo menos onde andará a ingenuidade? A experiência é rígida, ou tu apenas te exibes?
Subversividade? Anomia? Transgressão? Mas eu quero é passar a vida acordando com o barulho do trem. Me deixa?

Pensas que terás medalhas, honrarias, insígnias múltiplas? Engana-te. És apenas mais um a padecer o desdém dos altivos, se não obtiveres, em tempo, alforria da lucidez devastadora. Aprendi com meus pares, não obscureço estas calamidades transfiguradas como fatos corriqueiros. Dou logo a real, para dizer franca e claramente.

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