domingo, julho 11, 2004

Sabe aquela estrela ali, insolente, esta mesma que me vem apavorando há tempos esquecidos, que me aborta, não me suporta, que me lateja, borbulhando o temor, as vestes do tempo balançando no telhado, as misérias, as misérias da alma. Esta estrela que me soca um olho, me ilumina estranhamente com a sutileza do anonimato caótico, a estrela víbora, sibilando pelo meu sangue, a descer como água viva sugando e sugando forças. Ela que brilha e apaga e neste intestício calcifica os instantes, colados no pétreo medo. Esta estrela sem razão que eu abomino, mas contra a qual é difícil alguma defesa. Mas tenho um único escape: a certeza de que ela, como toda estrela, também ela um dia será uma anã morta.

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