Luvas de pelica
Desculpa-me. Pelos teus cabelos arrancados, a pele escamada, os olhos destroçados, o fígado opilado, a carcaça destruída. Desculpa-me se te feri com palavras cortantes e saliva ácida. Desculpa-me pelos tais e quais de explicação inexata, irreprimível naquele momento em que tu não te reconhecias, muito menos as condutas ao redor. Desculpa o cerceamento dos teus desejos de pessoa portadora de prerrogativas inerentes à espécie. Desculpa-me, ainda, pelos doces mal feitos, a diarréia contumaz, o mistério dos choques interfemurais, a lamparina acesa à meia noite, enquanto o que mais querias era adormecer acima de qualquer circunstância d'além mar. Desculpa deixar o rádio ligado na emissora odiosa, enquanto eu arrancava tuas unhas, tuas orelhas,
teus dentes e mamilos. Por fim, só exijo que me desculpes, porque a intenção não era abominar-te, mas apenas utilizar teu belo esqueleto como adorno cerimonial, como muito autoritariamente me sugeriu uma senhora de porcelana. Um dia ainda fugiremos, acreditas da mesma forma que eu finjo. Senão, não tem graça. Quando tu te recompores em matéria límpida e glorificante.
Você me acorda vestida de Kate Bush, infernizando com aquela Wuthering Heights e nem percebe. Depois diz que eu sou cruel.
Let me in-a-your window.
Desculpa-me. Pelos teus cabelos arrancados, a pele escamada, os olhos destroçados, o fígado opilado, a carcaça destruída. Desculpa-me se te feri com palavras cortantes e saliva ácida. Desculpa-me pelos tais e quais de explicação inexata, irreprimível naquele momento em que tu não te reconhecias, muito menos as condutas ao redor. Desculpa o cerceamento dos teus desejos de pessoa portadora de prerrogativas inerentes à espécie. Desculpa-me, ainda, pelos doces mal feitos, a diarréia contumaz, o mistério dos choques interfemurais, a lamparina acesa à meia noite, enquanto o que mais querias era adormecer acima de qualquer circunstância d'além mar. Desculpa deixar o rádio ligado na emissora odiosa, enquanto eu arrancava tuas unhas, tuas orelhas,
teus dentes e mamilos. Por fim, só exijo que me desculpes, porque a intenção não era abominar-te, mas apenas utilizar teu belo esqueleto como adorno cerimonial, como muito autoritariamente me sugeriu uma senhora de porcelana. Um dia ainda fugiremos, acreditas da mesma forma que eu finjo. Senão, não tem graça. Quando tu te recompores em matéria límpida e glorificante.
Você me acorda vestida de Kate Bush, infernizando com aquela Wuthering Heights e nem percebe. Depois diz que eu sou cruel.
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