domingo, agosto 31, 2003



Não sei se resolve o problema dos codilomas, mas as equimoses estarão todas sanadas quando este soneto for vaporizado por aviões-caça da cruz vermelha. A inflamação é fatal.

SONETO 639 MEDICADO

Enema, emplastro, ungüento, linimento.
Compressa, chá, xarope, escalda-pé.
Poção, filtro, elixir. Placebo, até.
De tudo um pouco tento e experimento.

Aqui no meu programa, o mais nojento
e podre vomitório dum pajé
ou mesmo a sanguessuga valem fé
a fim de dar melhor atendimento.

Tomando vinho reconstituinte
num dia par, nenhum bardo se priva
das pílulas de vida no seguinte.

Se o leite de magnésia reativa
o fluxo do poema, nosso ouvinte
dispensa a limonada purgativa.

G. M.
No hay orejas en mi plato
Desesperação. Irremediável tremor dos dedos. Agora o tempo a bocejar lá fora, e eu aqui dentro com enfermidades vasculares.
Eu não sei o que será da Terra sem meus lábios cortantes.
Sem as minhas pernas de gigante. Sem conquistas de vernáculos podres nos caixotes do mendigo.
Eu era um gigante rinoceronte e ainda não descobri onde se encontra lápis de cor.
Só descubra o que restou de tudo quando eu disser já.
Talvez eu tenha que passar por uma intervenção cirúrgica.
Mas o que urge mesmo é um corte epistemológico. Agora, enfermeira.

| Llevo en mi pecho dos insignias para la sepultura |

quarta-feira, agosto 27, 2003

Olha, agora eu vou sair. Agora sim, porque amanheceu e o sol está claro raiando, tinindo, olha só os passarinhos e a sinfonia infernal, essa gente fétida já acorda com seus bafos de excremento, as boqueteiras vão ensinar sem antes terem jogado os dejetos do urinol para fora da janela, vão atender gente atrás de balcões, os comerciantes gordos imprestáveis também descem para a cidade, os advogados pulhas, as madames desequilibradas descem com os animaizinhos de estimação com os quais praticam bestialismo sórdido, e eu vou dar a partida. Essa desgraça de automóvel raquítico não tem limpador de pára-brisas, está chuviscando, que devo fazer, vou cuspir em tudo e todos, porque é muita injustiça ter um pára-brisas único com defeito de fabricação, essas rachaduras causadas pelos meus socos no vidro, essas porcarias não vêm mais blindadas como antigamente. Olha, vão saindo da minha frente, porque minhas vistas doem por conta da famigerada conta telefônica que chegou ontem de noite, sai da minha frente, não sei identificar sinalizadores de trânsito, sai velha idiota, quer quebrar as duas pernas? E as criancinhas? Atropelo? Hoje é dia de reunião de pais e mestres, meus filhos ainda estão na encubadora, senhora diretora, não dá tempo eu chegar, assim, veja você, tenho dois calos nos dedos de tanto tentar arrancar os globos oculares dos meninos para fazer pulseiras, colares e toda sorte de penduricalhos, mas ainda não obtive êxito. Depois mando um, em consideração pelo tempo em que você tentou engordar os meninos, senhora.

| Minha garganta arruinada me faz morrer de rir. |

domingo, agosto 24, 2003

Operação 'Um dia pró-ativo'

DesintoxicaçãodosPórosdoNariz
ImplosãodeFalésias
ExtermínioDeMacacosLoquazesDaVigilânciaSanitária
FruiçãoDosMatadourosMunicipaisESuasCarnesSuculentasSobreCusEtc
DesfileDeCarnavalComSantosBarrocosFolheadosAOuro
DespejoDeEsmalteCintilanteEmSocialitesComSangramentoDaFace
DescobrimentoDeBurundi
SabotarUmaKombiDeMilitantesDoMovimentoEstudantil
SexoSelvagemComMariposas
ArrebatamentoDeMassasDelirantesSobOEfeitoDeOraçõesCarismáticas
APerguntaQueNãoCala:CabeTudoNumDiaApenas?
SeNãoDerAGenteChamaAGenteDeclaraLutoDeMaisTrêsDiasE
FeriadoMunicipalPorTempoInderterminado



AssimDormireiNaPazDe18HorasProfundas


Vovó já aconselhava que a vida é doença irreversível e sexualmente transmissível. Daí só me restou gozar dos viventes.

sábado, agosto 23, 2003









Gorduchas de Botero um dia serão modelo de beleza. Apocalíptico? Calórico talvez...

quinta-feira, agosto 21, 2003


A uma ilustríssima senhora assoberbada em fezes. Nesta.
Não me venha com essa cara lambida. Esses teus dentes quebradiços me fazem tossir. E as suas vestes? Como são bizantinas? Sua língua? Gosmenta como uma jaboticaba. Tu és tão fétida, que nem suas quimioterapias domingo à tarde
conseguiram despir-lhe de suas idiossincrasias. Quem te suporta? Suas crias? Repugnam-te! Suas tartarugas? Desovam-te! Tua cara de puta velha me irrita só de olhar e teu cabelo saltam medusas horripilantes que não amadurecem mais nada. Quantos paus te foderam? E adquiriram teus corrimentos vaginais? E tua insuspeita inhaca podre? Nem sua macumba consegue atenuar. Já reparou no azedume da tua alcunha?
Vai-te embora do meu mundo, que sem você eu como mais de cem.


| Ela amanheceu rouca. Toma canivetes com mel|

quarta-feira, agosto 20, 2003

Encomendei dentes novos à sra. Morte. Tudo para agradar na entrevista para um emprego. Dentes caros, inclusive. Me custou a alma mais dois relógios que devo roubar no shopping. Encomendei lentes de contato à sra. Morte. Ela não entende muito de tecnologia ótica, mas me garantiu olhos novos, em troca de sangue desinibido. Tenho que arrancar o coração saudável de um virtuose. O poder da sra. Morte me aflige, mas já me acostumei com a vida numa caixa de sapatos. O fogo que me socorre diante da morte é o mesmo que força passos no caminho da vida. De noite, quando todos montam suas alegorias, eu agradeço os pequenos passos ao fogo exasperante que aguça meus hábitos. Não me esquecerei destas vitórias inebriantes. Elas aguçam meu olhar ferido. E o meu sorriso cáustico. E a minha palavra adormecida. Tudo isso para dizer, que não sei se permaneço mais vivo flertando nuvens mortas ou esquecendo do tempo para estrangular meus sentidos.
zzzzz...
Serei dois enquanto te esperar
E depois de repaginar teus lábios
Descobrirei o poço de sentidos
Depois de recuperar teus olhos
Serei espião onipresente
Depois de arrancar teu véu
Serei dândi no deserto
Depois de decifrar teus dedos
Serei majestade audaz
Por enquanto, sou dois no canto ao lado
Não me importo se reflito assimétrico
Sou dois só de te procurar no breu
Mas me descobrirei plural
A perseguir os horizontes teus

| Tinta fraca também reluz |

domingo, agosto 17, 2003

Incontinencia sentimental ou fingimento do amor
E ela veio apavorar-me outra vez com seus pentelhos fosforescentes. De vez em quando me acorda pra cobrar sem-vergonhices. Já não disse que entre nós está tudo enlatado? Não há mistério que resista ao seu hálito de ostras caucasianas envenenadas nas adjacências de uma usina nuclear.
Vive dizendo que amar em primeiro lugar, mas gosta de sugar meu nariz. Ela e suas taras por meleca doce. Enquanto ministros entediados e neurastênicos bolinam suas secretárias. Eu vejo uma nota de vinte conto voando na calçada? Ela vem me impedir de afortunar-me. Eu realmente necessito dela? Talvez ela seja um jambo disfarçado. Sempre odiei jambos. Arghh! Vontade de colocar fogo no puteiro que ela trabalha, mas sua função é de confiança. Eu não preciso de seus servicinhos especializados em diversão sexual.E eu desprezo as crianças que você traz aos domingos. Se as trouxer novamente, eu jogo todas na privada e dou descarga. Depois diz que eu sou ruim, diz.
Você que ainda não incorporou o mundo de maçãs do amor.
Como dois e dois são sete, Lucila não é Margarete. Maristela ainda me espera.
E não volto mais a falar neste assunto, até que meus advogados apareçam.
E para saber se foi amor, aguarde o sinal do bip.


¦ A vida não é um comercial de margarina ¦
[Alguém já lhe disse isso, não?]


Injúria
Pretas da Suécia arranhadas na calçada pelando de quente sob o sol.
Enquanto hermafroditas destemperados formam boy bands. New Go-go Boys. [Não era KLB?] Não, elas são gordas e fazem falsetes gordurosos.
Os pezinhos descarnados.
Não conseguem pensar em fuque-fuque.
O tonto cruzou a linha que o rouxinol costurou.
Não há pedaços de linha agora para remendar o lençol da cópula.
As negras nórdicas injuriadas, querem evadir.
Desvanecer com o último segundo do sol.
E depois chamar o pai para acordar a malta. Que agora quer o dinheiro de volta.
Que voltem para o inferno.
Onde o caos é distinto, e ninguém sabe fazer arroz.
Se desesperarem, chama o mordomo.
Ou o bispo, talvez. Ele tem jeito de acomodar a situação.
Ninguém comeu o doce de leite na geladeira? Enfiem neles, porque as negritas reinam na indiferença.
Os animais ferozes urram de dor. Não há mais como conter, joga mertiolate.
E as negras se acostumam.
A fome não invade mais o estômago dela. E o tempo ousa passar.
Tudo é limpo e ordenado.
Q u e m p e i d a prejudica a atmosfera.
Chama a fera para ver que não há bagunça na cozinha!

¦Corre, Lóla! Corre, Lóla! ¦

sábado, agosto 16, 2003

Elefante Onírico

Sonhei que eu lavava roupa num riacho do jebe jebe da baixa da égua, quando, de repente, surge em meio ao nada um elefante dourado com unhas lilás que me sorria e perguntava qual (??) o caminho para Pindamonhangaba. Iria eu saber a estrada que ligava o nada ao nada? Eu, perdido ali sem rumo nem direção, nem sabia onde ficava esta constelação, e só respondi sei não. Se fosse pelo menos caminho para Kandahar ...
Irado, o elefante tornou-se um camaleão gigante que alternava a cor das unhas de acordo com o humor. Vociferou com grandiloqüência que era o rei de todas das margens ribeirinhas, e que todos os hipopótamos o obedeciam ao primeiro grito. E que tinha um bordel de aliás gagas, todas bem exibidinhas, de aparelhos reprodutores fartos, advindas de Serra Leoa. Então suas unhas tornaram-se verde-água e meus pés viraram chiclete. Não podia correr e meu estômago roncava querendo arrancar as unhas do elefante que tinham sabor de chocolate envelhecido.
Então, uma nuvem que oscilava entre nuvem mesma e Scarlett Ohara desfilava nua na altura dos meus olhos, o tempo começou a esfriar, eu gritei, não consegui parar o elefante, mas a nuvem tinha uma habilidade especial para lidar com mamíferos, eu só conseguia parar anfíbios, infelizmente.
Mas ele não podia interferir no meu livre arbítrio e eu queria muito sair dali. E quando Scarlett se aproximara, eu já tinha levantado do chão e flutuava sobre as cachoeiras. Além de mim, as roupas me seguiam e nosso vôo parecia um espetáculo num céu crepuscular. Eu ria e chorava em êxtase. E nada começou desde então. O mundo se divide entre duas estações majestosas: ora é uma aliá cafetona de unhas rubras, ora um monstruoso paquiderme de trombas grandiloqüentes e pestanas faceiras.

| Há um ninho de lêndeas na cabeça da princesa |


Uma margarida iodada nasceu sobre o meu córtex cerebral. Depois eu conto o resto.
¦ Sister said i'm a perfect boy. She doesn't even figure what I hide into my shoes ¦
Tutti Frutti
A cancela disparou na cara dela. Bem feito, quantas vezes não recebi uma cancelada na cara?
De repente, a moça era um waffle suculento de mariscos - modern cuisine.
Sabe dessas metamorfoses repentinas?
Pois é, coitada, nem deu tempo dizer o que queria para o café - separei a Doriana.
Vai ver ela estava apaixonada pela primeira vez.
E não podemos decepcioná-la.
Deixa ela pensar que o amor é um carrossel encantado com bordas coloridas e chuva de refrigerante.
Por isso, dê um desconto a ela.
E diz que depois passa lá em casa para a gente fazer amor com chantilly.
Como tântricos outros.

¦Everyday is just another illusion ¦
Margarete knows my name. She looks up my number.
Ela vai XeXelar hoje à noite. Margarete com vinagrete na banheira do meu quarto.
That's the way, dear.
Réla, réla é rasgação. O bom mesmo é XeXelar melado.
Retire a cera do ouvido: eu vou sair hoje à noite, tá entendido?
Eu precisava viver este romance. E não foi em vão. Lucila mexeu nos meus brinquedos, estraçalhou as minhas roupas e não fala de outra coisa a não ser da minha ejaculação precoce. Mas eu precisava dizer que ela tinha sífilis? E hemorróidas crônicas?
Agora não tem mais jeito. A gente já foi pra Justiça, e ela quer de volta o rádio a pilhas paraguaio. Eu já disse que não tem acordo.
Nhé, nhé, nhé, nhé.. Peixinhos lisérgicos do comercial de Palio Weekend no seu cu. Te amo, Brasil.
Hágalo ya!
Para que te envio parentes no sábado, Lucila?

¦ O mundo é dos açougueiros. E o universo, das manicures ¦

sexta-feira, agosto 15, 2003

Panamérica de desocupados

Nunca vi algo mais inútil do que os esportes. E o que mais me intriga é oficialização: regulamentos, burocracias, ministérios, orgãos públicos, verbas exclusivas, programas governamentais, tudo isso destinado a meia dúzia de gente ridícula que vai fazer presepada do outro lado do mundo de quatro em quatro anos nas Olimpíadas. Fora os eventos satélites, como os Jogos Panamericanos, Jogos de Inverno, Ligas do Mundo, Mundiais, Campeonatos, etc.
Pouquíssimos comendo todo o dinheiro do povão. Um país famélico, miserável, de indigentes, um Estado que não provê com o mínimo aos seus cidadãos deveria ser punido por se dar ao luxo de organizar comissões esportivas. Se eu fosse da ONU, proibiria países com gente abaixo da linha de pobreza de participar das Olimpíadas. O Brasil mesmo não tem vergonha na cara. Ao invés de cuidar das suas desgraças internas, vai lá fora passar vexame. Vexame, sim, pois se pelo menos fóssemos como os cubanos que passam fome, mas dão o couro nos desportos, sabe lá sob que tipo de coação, e voltam com um punhado de medalha de ouro para derreter e trocar no mercado negro. Aqui, o Bronze é que reina. E todo mundo aplaude essa cambada de otário.
Gente desocupada, que chupa de patrocínio e do erário até o papel que limpa a bunda. Esse Panamericano mesmo é ridículo. As medalhas trazidas foram de surpresa, de gente que nem mesmo se esperava nada e mesmo assim gastam-se passagens, hospedagens, etc, etc.
E as medalhas garantidas, como a seleção de xibungos do vôlei, ficaram na vontade. Não adiantou Bernadinho espernear feito louco. Ontem mesmo perderam para a Venezuela, é mole? O país das misses. Se esse presidente tivesse o mínimo de postura, extinguia ministérios que nada tem a acrescentar à melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro, a exemplo do Ministério do Esporte. Só serve de Agência de Viagens para filhinhos de papai, sim, porque pobre esportista é a coisa mais difícil de se ver, a não ser jogadoras de futebol e atletas de maratona, que tem dias de rei e depois voltam a passar fome.
Ademais, medalhas de bronze não elevam auto-estima de nação nenhuma.
Magia na dobra suja do dedo mindinho
Descobriu o seu mundo e saiu pela alameda perambulando. Vazio, desencontrado de mistérios e das pós-graduações necessárias para o seu sustento e para o abatimento das dívidas com a companhia telefônica.
A chuva derretia o seu sonho e os versos que imaginou realizar se perderam nas lágrimas.
Traçou a última gorda do bordel e largou de mão da marcha fescenina.
Frequentemente, procura outra dama, mas vomita quando recorda da sujeira entre os dedos do pé da mal-afamada e horripilante diretora famigerada que o abusou na infância.
E, então, vê que a vida não é somente sexo, e compra uma cartola para arrancar coelhinhos.
Que certamente serão objeto de bestialidades.

¦
Um dia ela foi meu exemplo de fracasso. Já hoje incendeia por ser fosca ¦

Terta: Me sinto tão tensa ultimamente com trabalho, filhos, mestrado, ginecologista, tarefas para casa e cinco empregos. E ainda tenho que ficar bonita pro Gerso.
Tarta: Calma, amiga, tudo tem seu tempo. Tens que procurar o que te satisfaz.
Terta: Ah, então largo tudo e alugo fitas eróticas.
Nasceram com uma missão. Sairam peladas pelas ruas na madrugada e desapareceram nas brumas.. ..... ...... ......
may be in Avalon.

|Me solta|

quinta-feira, agosto 14, 2003

Ócio oficial da família brasileira: derramando um vidro de pimenta no purê de batatas.

Crianças psicopatas levantam a audiência. A paixão deve desprezar a razão. A Celeste da novela enlouquecendo foi o clímax do meu dia, pena que o carrão não passou por cima. Criança doida é um barato.
Eu, se fosse Manoel Carlos, endoidecia também o filho da Helena para que, juntos, ateassem fogo ao casal de velhos rejeitados num ritual cruel e diabólico, em que Dóris seria a mentora. É claro que antes, a própria menina, num rompante de lucidez,arrancaria os dentes da vó bruta e jogaria tudo no telhado na primeira oportunidade. Depois sairiam os três para fuzilar a tal da gostosa ricaça que mora no hotel e sua bicha gorducha a tiracolo. Haveria então uma briga pelas jóias entre Celeste e Dóris, e a vozinha triste insuportável da garotinha ensurdeceria Dóris, que despencaria atordoada lá da cobertura do hotel na cabeça da moça pedófila que apanha do namorado, eventualmente circulando de bicicleta por ali.

Depois, quando a cabeça da preceptor gorducho já estivesse sendo exibida no Nick Bar, sequestrariam Elisa Lucinda depilariam Toni Ramos, destruiriam o irritante saxofone, e os pêlos seriam destinados ao implante de cabelo no pai de Dóris para tudo acabar feliz no Leblon.

Além disso, iríamos realizar ao vivo para todos os telespectadores a autópsia de Fernanda, a moça que morreu no tiroteio, realizada por sua filha Celeste e o amiguinho desdentado. Os dois fugiriam para um país distante com as jóias da ricaça, fariam Elisa Lucinda de cativa, para recitar poemas de bar em bar, e a garotinha utilizaria seus poderes adivinhatórios para ganhar muito dinheiro.
A renda de todo o patrocínio que esta cena atrairia seria revertida ao Criança Esperança.

No próximo capítulo: o abdução de Edvirges e sua mãe por alienígenas de nomes igualmente escalafobéticos, e a inserção de um chip no seu ovário que a transformaria em vadia reprodutora de mutantes, programados para torturar Cláudio, o circuncidado (curl hair, curl hair, kill, kill).
A mãe iria servir de recheio de salsicha. E suas unhas, papel de padaria.



(Georges Meliés, Voyage dans la lune, FR 1902)



- Para mim a lua é húngara...
- Pois sinto-lhe informar, mas ela é mero fogo fátuo.
Sete coisas que me fariam ir correndo XeXelar (running over to xexelate) ao invés de continuar aqui a contemplar uma manhã um tanto quanto amélia.
Ou.. excreções quase-modernas, de certa forma indiecativas de oligofrenia.

1. Doce de mamão com azeite na Margarete.
2. Ventuinhas novas para instalação nas gengivas.
3. Cantar Fábio Jr. no Karaokê num duo modestíssimo com Margarete (spring is comming, gorgeous).
4. Observar alguém, de pijamas, fodendo zebras com edemas.
5. Desfilar pelado num carro de boi.
6. Doar mitocôndrias e comer lanchinho depois para fortalecer as membranas celulares.
7. Desenhar pessoas defecando e balõezinhos com os dizeres "é tão fácil conhecer o paraíso" no Palácio do Planalto.

¦"Quando chega no pagode fica toda assanhada"¦ - There's lyrism into everything you can figure out.
Ui, ui, ui, redenção só XeXelando.

quarta-feira, agosto 13, 2003

Caution: Elas não desopilarão. [This is not to purge your liver]

Às desiludidas bisonhas e inconstantes servidoras públicas que gastam seus rabos inúteis atrás de balcões dia após dia:
- Breve sonho de que os seus arrotos a transformem em gente.
Grrr, foderosa!
Eu arroto mais forte.
E comerei seu fígado e quejandos com pasta de dente. Truta, baby, truta.

terça-feira, agosto 12, 2003

Cutuca o sem-vergonha, cutuca.
Que o bonde já vai saindo.
E você perde a oportunidade da vingança.
Passou alguém vendendo cachorro-quente.
Mas esta porcaria dá dor de barriga.
Ontem mesmo, a moça foi parar no hospital.
E pariu um dinossauro com pernas amareladas de hepatite.

|Eu já disse que não há uma terceira pessoa envolvida|
Dois horizontes na casca de um ovo

Ela mostra seus detalhes pungentes. De vez em quando vai correndo para o supermercado gastar seus parcos recursos.
Mas sempre necessita de alguém que a subvencione. Desgraçada. Derramou o óleo do pequeno e riu jocosamente.
Talvez algum dia desperte dos seus desatinos. Porque ninguém pode permanecer assim impune por muito tempo.
Ela mostra seus altos conhecimentos de metafísica, suas viagens alucinantes pela estratosfera, oportuniza assembléias, elege suas tripas a cordas que entrelaçarão a História. E depois vem me dizer que é virgem. Hipócrita. Ela é mesmo uma cadelazinha sem escrúpulos que cospe os sintomas de um futuro brilhante, centralizador, sensual, inequívoco, e sublimemente perfeito. Pois, como só existe lama num raio de duzentos e cinqüenta anos luz, ela é a octogentésima octogésima oitava na fila rumo a um destino glamouroso, sem custos de frete. Suas vísceras eliminam engodo que ela esfrega sutilmente nos muros da cidade-mãe. E eu sou um pedregulho nesta suspeição.



|Eu não tenho aquela ousadia maçante|

domingo, agosto 10, 2003

Catalepsia no volante.
Interpessoalidade é o caralho.
Nhem, nhem, nhem, dói demais.
Beijo amargo de saudade.
Um sertão para enveredar-se.
Um sertão dentro do ouvido.
De longe, soam estampidos
Corre que vem a jagunçada.
Cantando Reis
Nudez virginal da caatinga
Alta pressão, rarefeito cactus
Pinhão, nem fodendo
Poeira de redemoinho. Tosse.
Criança, bichinho, atropela
Meus lábios se encontram cortados.


Teu amor é cebola cortada meu bem
[Your love is a clipped onion bulb, my goodness.]
Que logo me faz chorar
[That soon makes me cry.]
Teu amor é espinho de mandacaru
[Your love is a cactus thorn]
Que gosta de me arranhar
[That likes to scratch me]
Teu olhar é cacimba barrenta meu bem
[Your gaze is clay in the humid night air, my goodness]
Que eu gosto de espiar
[That I like to espy]

Autoria: Petrúcio Maia - Clodô

¦O sertão dos meus olhos é u-ni-ver-sal
Afazeres domésticos

Comecei pelo banheiro. Mas naquele dia não sei o que havia com a gente. Espalharam calcinhas imundas, chinelos com a sola lambuzada de não sei o quê, pingos suspeitos sobre todo o taco - sim este banheiro é de taco, não existe maior desprezo de raciocínio - e ainda por cima três modess usados e escarrados pela pia, além de restos de pasta de dentes. Troços nadavam dentro do vaso sanitário, e me saudavam em grego. Não suportei. Veio como numa avalanche ensurdecedora de desespero. Não resisti. Catei todas as manchas repugnantes com uma espátula, os absorventes sujos, a toalha encharcada do último banho, as calcinhas horrorosas de mal gosto, para mulheres sem pregas, a ceroula do velhote na qual babou líquido seminal, sim, tudo para o liquidificador. Misturei o pacote de biscoito Maria com o qual a patroa me bonificava. Com água da privada para diluir a poção.

E pronto, a vermelhidão deu um aspecto de patê de fígado. E isso foi para o café da manhã, com croissants e pão de mel. Todos experimentaram. Que delícia. Mas não pára por aí. Entrei no quarto do velhote. Samambaias! Argh! Arranquei-as num suspiro. Tudo no chão, aquele xaxim estraçalhado me acordou. Meus sentidos voltaram a brilhar novamente e eu bradava por deuses hindus. Xaxins me impedem de continuar. Preciso destruí-los todos. A devastação me fazia rir como uma hiena . Aquele porta-retrato com uma foto em Melbourne. Destruí, não preciso daquele sorriso ridículo estampado para continuar. Quebrei o cofrinho, que era um porco capado. Salafrários, havia moedas de réis. Para que isso? Deve ser herança sentimental do velhote coronel o patriarca, aquele bunda suja infame. Cuspi no velho retrato suntuoso antes de atirá-lo pela janela. Il faut oublier. Bibelôs estraçalhei, só guardei os elefantes. Não vou mentir que me apropriei de algumas jóias, não as ridículas de trinta quilates, mas as de dezoito, que são discretas. As roupinhas e modelitos, todos descarga abaixo, entupiu tudo. E olha só, a água da privada agora jorra pelo quarto do velhote. A madame vai adorar que a jacuzzi que a suíte virou. Luminárias bregas e fora de moda? Destruo-as. Para que? Coloquei um Ne me quittes pas na vitrola velha (outra herança sentimental do coronel babão). Construirei outro mundo, où la loi c'est moi. Picotei aquelas revistas de arquitetura, colei uma por uma na parede com saliva e detergente. A cama: esta sim fica intacta com o sua roupa suíça. Fica para depois.

Então o quarto de Mimi, as coisinhas adolescentes, para que mantê-las. As bonequinhas, decapitei-as. Catchup nelas, um arzinho de morbidez tola e mostarda para o pus. Algumas eu as suicidei com xuxas de cabelo. Outras morriam de apendicite só de olhar as amigas agonizantes. Mimi dormia tranqüilamente. Ela acordou com o barulho das britadeira sobre o seu carpete, mas apenas balbuciou inconscientemente: mimi. A pobre esquizofrênica não tem culpa, eu sempre gostei dela. Coloquei algodão no seu nariz. Pus fogo nas violetas da janela. Gasolina nas roupinhas de verão, e nos casacos da Disneylândia. Com os cintos degolava as bonecas e os abajures são seus chapéus. Três bonecas permaneceram sorridentes. E a pilha resistia, pronunciavam: - Você quer brincar comigo? Sete centavos na carteira. Foi para o lixo também, Mimi não precisa de identidade. Marisa Carmélia Dias Da Silveira Etchepare Luíza Weber de Assunção Borba? Outra não há que não Mimi. E agora ela dorme com as bonecas dependuradas. Do lado, dorme a peste impúbere. O quarto do Júnior tem três computadores. Um eu liguei e coloquei um papel de parede: dois peitos enrugados de velha necrófila . Nos outros, cacete. Adorei as molas saltando de dentro da tela. E com os vidros derrubei o espelho. Com os halteres arrebentei as miniaturas de Ferraris. Achei uma boneca inflável no guarda roupa, e nela havia o meu nome, desgraçado. Fiz com que engolisse toda a boneca, enfiei esôfago a dentro. Com o tapete armei uma tenda e com maçarico desenhei macacos na parede, vomitando, vomitando naquele quarto adolescente de classe média americanizado. Os sapatos ridículos caíram vinte e três andares abaixo. Troquei as cordas da guitarra por cadarços, e enviei um sorriso pela Internet. Antes que eu ateasse fogo no último computador.

Na sala, pichei o alabastro com os dizeres 'matem o geraldão' 'cabeça do geraldão a dois contos', geraldão é o porteiro nojento que não me deixa subir pelo elevador social, aquele corno insuficiente, acabei com a mesa de mármore, deixei os souvenirs de Johanesburgo e Helsinki em pedacinhos, despejei água da privada no jardim artificial. Não vou mentir que guardei pra mim aquele jogo de talheres em prata cravado de esmeraldas. Depois fui na cozinha, e a Ciça, a cozinheira gorda imunda, que eu amo no meu coração e juntas sempre reunimos engenhos maquiavélicos, embora fosse cotó e fanha a Ciça estava estarrecida com o sangue que escorria e invadia toda a cozinha que ela tinha acabado de limpar. Meu deus, Ciça, disse eu, faz alguma coisa com esse sangue, que tal algo ao molho pardo. Mas não havia jeito, ela já estava catatônica, então passei um pouco do batom russo da patroa na Ciça véia, e disse que depois fritava uns sapinhos p'ra ela . Pobre Ciça, não é acostumada com a sangria. Então a patroa chegou dizendo que estava com uma cefaléia aflitiva, que trouxéssemos os milhares de chás do Himalaia importados especificamente para o seu bem-estar, mas quando viu as bonecas enforcadas, desatou a rir e o velhote veio atrás me excomungando, lasquei uma colher de sopa quente nos olhos do ilustríssimo e ele tropeçou, indo de quina com a caixa de aço com as minhas porcelanas novas, até moribundo ele a flatular e emporcalhar a ceroula, e eu insistia, prejudica atmosfera! Com esse não tive muito trabalho. Só restava a dondoca. A cefaléia a deixou atarantada e ao rir o hálito dela me enfraquecia, perdi o controle, mesmo assim alcancei o aspirador de pó. Consegui desgrenhar seus cabelos o que a deixou puta, pois tinha pago caríssimo pela escova, hidratação e esfoliação do couro cabeludo no coiffeur, essa fresca não conhece creme alisante, que dura e faz bem para as glândulas. A partir disso, lembrei-me dos cosmético e fi-la engolir todas aquelas gosmas, ungüentos, barras, pomadas para as pernas e seus calombos. Ela vomitou o pâncreas, que consegui reconhecer em meio a tanta placa gordurosa, e notei que lhe acometia uma pancreatite aguda. A coitadinha iria esticar de qualquer jeito, mais cedo ou mais tarde.

E quando a canção estava no ancien volcan, explodi em sensações disparatadas, fui à busca incessante de Ciça, porque o palácio era nosso e o sangue nos cortejava. A dona teimou acordar mas dei uns tabefes e os dedos do Júnior para que se alimentasse e não me perturbasse mais. Não teve jeito, então soquei-lhe dois espetos de churrasco no umbigo, o que não só lhe acalmou, como lhe fez recordar memórias da infância em longínquas eras açucaradas. Ciça despertou do seu torpor, e veio em minha direção, dizendo que Maysa Matarazzo já terminava a canção. Dançamos, num belíssimo trotoar de duquesas siamesas, imitávamos Uma Thurman vertiginosa, e no trecho final bebíamos um autêntico scotch, e para arrematar, não me veio outra coisa à mente senão homenagear Rubem Fonseca: caguei sobre aqueles lençóis limpíssimos, que fiz questão de manter intactos para o desfecho triunfal.
Sou eu que estou escrevendo, mas deveria estar dormindo. Ou no banheiro lendo revistas com artistas na capa e sonhando com aquela mobília, aquela cerâmica, aquele esgar frívolo e aquelas roupas de cama.
Dormi e de repente o quarto era vermelho.
Sim, aquele vermelho-motel. Não era a aurora? Não era o reflexo do sol da meia-noite? Não era a calcinha dela que reluzia?
Não sei, mas era vermelho.
E um vermelho que cegava.
Uma língua que sangrava.
E sangrava em líquidos viscosos e gases repelentes.
Depois se transformava em bílis.
Sim, e tudo se tornava verde. Aquele verde-estupor. Verde-abacate. Verde-vômito. Eu atiro no verde, quando inicia a madrugada.
O verde é aziago. O verde me dá calafrios.
Eu odeio verde infinitamente, mas meu cabelo agora é verde. Herança de 1979. Fazer o quê, foi culpa da inconsequência que eu encarnava.
Deixa estar, que um dia eu pinto esta porra de loiro.
Ou amarelo-ouro.
Ou então corto tudo e jogo aos porcos. Aqui em casa tem um chiqueiro. E à sua volta, um turbilhão de louva-deus. Ou esperança, como queiram.
E quando há matança dos porcos, verde e vermelho se confundem. Os insetos adoram sangue. Por isso que quando o porco morre, eu digo que Deus jorra. Para ser louvado em litros e litros.

sábado, agosto 09, 2003

Eu tenho a leve impressao que você nao gosta que eu repita as coisas
mas minha memória falha, e eu não sei evitar.

Eu tenho medo de brilhar no escuro.

Can you see my ass seems *shinning*, *shinning*?


Ainda dizem que ela é vulgar.
- Hum, esse tipinho não lava o sovaco.
- Eu bem que desconfiava.
Ela faz de mim o que bem quer.
Depois diz que eu não tenho sede.
Mas ela me arranca a língua.
E fica tudo para depois.
Cool kids never have the time.
Where does she live?

Descobri que a vida é melhor que passear com os cachorros.
Descobri que a vida é melhor que amar o próximo.
Descobri que a vida é melhor que ter a aposentadoria garantida.
Descobri que a vida é melhor que cantar no chuveiro.
Do que simplesmente foder numa noite chuvosa.
A vida não é um filme de Fellini, mas me encara engraçadíssima. E irônica. E eu não sou sentimental.
Descobri que o certo é evadir e aqui começo.

Sigam-me os bons. A casa está aberta e não tem essas frescuras de Feng Shui. Futilidades que só me fazem tropeçar nos objetos que me cercam.
So, here I go.