sábado, janeiro 29, 2005

A direção retoma seu curso originário, a responsabilidade do amargo, o temor, a arrogância e os benefícios do conforto se misturam na avalanche de temas pré-históricos. Houvesse motivo para falar e logo debulharia o sentimento cálido, peste incendiada, visgo mesmo de porco, dor, sensação misericordiosa, talvez, mas não é o lugar exato este, então ponho-me a contemplar breves anseios que desfaleceram antes mesmo da própria formação, junto à ganância. Inverte o rumo, pólos contrariados, dorezinhas na cabeça, mas o jugo deve ser contraposto, perseguido, dominado, não havendo mais lugar para outras irremediáveis seqüelas, nem mesmo o delírio da ausência. É hora do fogo-contra-fogo.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Wishlist ´05:

- Entender que imagens pagãs logo se desanuviam e não me guiar pelas falsas percepções.
- Compreender que aceitar cinco mil definições para uma coisa significa renunciar outras 5.000 para a mesma.
- Não confiar nas pessoas.
- Evitar os melindres.
- Não pronunciar nomes sagrados em vão.
- No ambitions.
- No future.
- Apenas diversão.
Ainda que às avessas.

sábado, janeiro 15, 2005

Isso de perquirir felicidade, sentido, futuro mesmo, coisa e tal, despenca, cai, rui, desmorona seriamente quando a garganta não se firma, o coração pulula pra fora, o ar parece intransponível e o sentimento claustrofóbico em plena autopista ao lado do mar, abruptamente, arrebata o resquício de sinceridade consigo mesmo. A razoabilidade das decisões, esta tão almejada, torna-se estéril, intangível, corre feito rato rasgando as sedas, inútil buscar um instrumento para capturá-la, nem empreender fuga através de elementos químicos, porque a dor está ali, seja coberta com um véu, seja branca, seja branda, ela permanece tesa e tu olhas para as pessoas e se constrange, não há remédio, a forca parece o último refúgio, a porta que indica abrigo é absorvida pelo pessimismo, não há veracidade nas tentativas de auxílio, para que mais elementos químicos, para que a doutrina de dias suportáveis, para que a última dieta, a discoteca, para que tratados e filosofias de vida, se a última saída é o poço, a dormência, a escuridão, mas de repente eis que se apercebe um redemoinho cambaleante, levantando-te como a fênix que tu não suportas, o redemoinho-tempo, o paliativo para as sérias conseqüências na alma, que te soergue, apenas afaga, sem cuidar efetivamente. Apenas passa.

Un remolino mezcla los besos y la ausncia

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Entra ano, sai ano, eu ficando inevitavelmente mais velho, barba espessa nascendo no meu coração, o riso flagelado, estranhas continuidades, mandos e desmandos, adornos no rosto inteiro repetindo um passado de infinita tristeza, traduções literais da comiseração... um beijo, um perfume podem instantaneamente alterar a realidade, mas não vigora.


Dias de janeiro batem nos recife como as altas marés...


Em dias de janeiro, toda a gente solitária doura nos seus quartos.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

"Espalhei meus sonhos aos seus pés. Caminhe devagar, pois você estará pisando neles."
(William Butler Yeats)

Um velho poço de saudáveis mágoas impede a colagem de figurinhas de efeito.


Hoje foi quase... repetirá quiçá.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Não sei por que insisto em acreditar nas pessoas?! Mesmo com o meu olho esquerdo repuxando e alertando, compulsivamente, ainda assim, eu salto as muretas, quebro as vidraças, arrombo as prateleiras, por ordem dos outros. Plena devoção e ausência de astúcia. Mas não é à toa que esta minha vida claudica.

Eu que não me lembro do verão passado, de tão parecido com o que se encontra hoje. Afixaram o verão no tempo.

Mais um verão no aquário? Ou-ou.