sábado, junho 25, 2005

É como se o corpo estivesse entretido na mais mínima insignificância ou nas máximas significâncias que nossa experiência humana não deve se atrever a inquirir, corpo que é noite quando dia e forte, quando se precisa fraco, corpo que não se contenta, não se abstém, não obedece, corpo que não parece mais subordinado, mas superior e com vida própria, luz que não acalma mas entorpece, permanece levantando visgo, mas que não se contenta com sua natureza própria, contida em si mesma, que enrubesce de soberba e glorifica seus rompantes. Corpo que não se sobrepõe à vontade e por isso mesmo, não mais parece brando.

É só um tempo.

quinta-feira, junho 16, 2005

Depois de tentativas nem tanto vãs, apenas descuidadas, eis-me aqui agora para entender os enlatados do dia, misturas finas de vintage intencional, mariposas technicolor em falsete, rúbias pernas adoçadas do mais puro mel virginal, portanto, a personalidade ante e quo ante, ou post decadência, a falibilidade do consentimento, eu tudo eu nada, permanecendo aqui e revigorando de novo, com novas senhas de acesso e entradas para o infinito.

Fantasmas assombrando os nervos brandos, mas agora já calmos, pois antes estiveram sob torrentes inimaginadas, impensadas mesmo em tuberculoses, loucuras terçãs, meticulosas manobras dos fetos, das angústias das maçãs pútridas, pois se estive não nego, mas também não afirmo que esquecerei, talvez sim, talvez não, tudo depende do tempo, o senhor das malícias e infortúnios, mas também portador da benesse do esquecimento.

Por isso, advirto: nada está encalacrado como uma força inscrita no gelo, na matéria mesma em sua mais infinita partícula, nada está simplesmente, desvanece-se sim, pode ter certeza, ainda que dure, desvanesce e talvez seja esquecido durante.

Há mais alguns relatos que depois elucidarei.

a ouvir Carole King - Far away