sábado, julho 29, 2006

A tarde sem umidade, a cortina cortada, falsas colunas, objetos distoam com o resto da decoração, arregimentei um novo pesadelo, samambaias não as quero mais, o quarto torpe de mentiras descortina o tédio, de novo amarrei meu cadarço ao espelho, frente a frente comigo não mais me vi disposto a ter sido agravado, meticulosamente teria eu enchido os pulmões e soprado a injúria para fora, haveria de seguir tranquilo e atravessar os limites de rodoviárias, campos silvestres, praças fechadas, itinerários, em busca das aguadas, brejeirias, a força, nitidez para meus olhos, eis que não mais trepadeira inconsolável sobre parede morta era o meu único estar.

domingo, julho 23, 2006

Hoje foi dia de amanhecer shoegazer.
Na varanda nublada de inverno em quinto andar.

terça-feira, julho 18, 2006

"And here come the waves
down by the shore
Washing the soul of the body
that comes form the depth of the sea"
"Ocean", Eleventh Dream Day

Te pensei dorso, te pensei riso, vasta alegria inundando-te, te pensei em perfumes, falso brilho,
olho de monstro provocador, te pensei gozo, te pensei liso, te pensei amparo e sofreguidão, te pensei vício, sarro, muito estrago e solução. Mas nunca havia te pensado assim, morno, ressaca e preamar, cético, eximido de ilusões. Intangibilidade muda. Anestesia e silêncio.

segunda-feira, julho 17, 2006

Eu beirei a vontade, espiei de cima, e te percebi numa torrente de vícios, meticulosamente abstraí tuas suspeições, teus feitiços. Te notei enclausurada em pedaços ensimesmados de prima manhã, de ocre temor, da resolução de não ser. Me pego atônito face as cansadas palavras de tua boca, tua mágoa, tua reticência, tua impostura tísica. Ás vezes te percebo leve, pueril, outras vezes sádica, ardilosa. O futuro te engole a seco, te deglute e faz com que ardas densamente nas vísceras do tempo, e, todavia, nada te desconfigura, te desanima, és panamérica, lua de possibilidades múltiplas para onde reluzir, esquema quântico, representas nuvem, sombra, sopro, vulnerabilidade existencial, falibilidade de moléculas, sopa ancestral fantasmagórica, mas ainda te qualifico pura. Rubra e, não obstante, incolor. Aquela da chama das horas, a que não se pinta robusta.