terça-feira, setembro 28, 2004

Deixar as singelezas de lado e enervar ruas, becos, avenidas tolas, rasgando a propaganda política monstruosa, destruindo lares de candidatos, arruinando seus alto-falantes, irresignação e desobediência civil, pichar os muros carimbados de cartazes, invadir suas casas falsamente solidárias e profanar os lençóis, as cortinas, tudo que for limpo e alvo, porque se faz necessário para compensar os dias de consternação, fragilidade do espírito, vontade de vomitar sobre as marchas e suas caras mesmas. Malditos políticos. Nulo para prefeito.

quarta-feira, setembro 22, 2004

Cravado na pele, o sangue reverberava um azul de montes longínquos, carros d´água, morenas furta cor, laranjas destemidas efervescendo rostos pequenos e macios, face neve curva lânguida arabesco. Mescla o sal, arruina o estômago, para-peito, chuva, lance, velho, perfeito, mariposa, tens um blue?, falso e cômico, passado estranho medo, coragem um dia amanhã segredo, talvez absurdo, recomeço, surpresa, afago, provável que salvo pela onda curta, paranóia recalcitrar.
Paranóia deliberar.
Paranóia recalcitrar.

segunda-feira, setembro 20, 2004

Atropelo de práticas utilitárias envernizando meus tédios e fazendo com que eu abstenha liberdade felizmente. Espectros rugem soltos, ruminando silêncios, enquanto a aurora se enuncia quebrando o gelo dos dias úteis, serenos e úteis de forma a gargalhar sorriso estéril e molhar vermelho o desdém dos insetos, de eventual chuva, dos granizos imaginários. Breve eu passando en el mundo foi a conclusão.

sexta-feira, setembro 17, 2004

Há dias em que o mundo é contornado por pincéis de reinos adormecidos, improdutivos, embriagados de poder enervado, porém inábil. E assim, exsurge a observação da rainha do país das maravilhas, dita à Alice:

- “ Extraño mundo el tuyo , en el que hay que correr mucho para llegar a otra parte. En el mío, en cambio, hay que correr mucho para quedarse siempre en el mismo lugar!”

domingo, setembro 12, 2004

Últimos impulsos d'além glória, para quando olhar o brilho morno do espectador de infortúnios e, quiça, escarrar-lhe no ouvido com muita exibição. Aterra os sarcasmos e o riso encalacrado nos pântanos, atira somente o que é do instante, o mínimo e adequado estar, para que não sejas acusado do excesso. Porque o excesso pode atormentar os passos ao claro, eternidades em névoa, passados e futuros fulgurantes, secreções, líquido sujo, inconstâncias de agonias ultrasenhoras dos medos, falsidades de quadro-negro, adjucações do tédio e sono múltiplo, porém aguado. Quis iniciar terraços plenos e desertos, mas não cheguei ao quinto andar.


O que mais dura é a própria moléstia.

terça-feira, setembro 07, 2004

O sagrado alívio da minha claudicação perante a perfeição de outrem resumido por Truman Capote ou a advertência:

"Quando Deus te dá um dom, dá também um chicote, e o chicote destina-se apenas à autoflagelação"