domingo, setembro 28, 2003

E seu eu fugisse para uma vida diferente, onde tudo fosse branco, claro, alvo, loiro e cego, onde tudo fosse pó branco alvejando meu coração em pleno sono, sina ébria, distante, etéreo, fluido, intangível, quiçá meu mundo fosse assim sem dor, sem palavras afiadas nem absurdidades de último segundo. Em amorfo e insuspeito mundo, eu mergulharia, destituído de sentido e vigilante na nascente do nada. Fool me now.

sábado, setembro 27, 2003

Esta sim é a verdadeira trajetória do marasmo incidental das coisas falhas, inúmeras belas correndo desenfreadamente pelos cantos do seu cérebro, veja a minha vida como está, sábado à tarde e eu aqui escutando uma fanha a chilrear, já vi coisa pior, não sei foi música do Legião Urbana ou filme do Chaplin, não sei se vale a pena acreditar que um dia esta miscelânea mude e entregue caro os seus superfluidos beligerantes, eu não sou cachorro para acreditar em conto de fadas. Faz de conta que estou com diarréia das bem debilitantes, e manda a conta se você gostar. O pior é ter de escutar no bis essas nojeiras enauseantes, que vontade de vomitar bílis. Acendo mais um cigarro e como a xepa com catchup. Porque hoje é sábado. E já passou da hora da mortandade, 12 p.m.

sexta-feira, setembro 26, 2003

A título de esclarecimento
Do atavismo gástrico me livrei comendo duas rabadas e sarapatéis de entranhas, molho composto de unha de tamanduá, folhas de chicória, e suco de beringela.
Convidei o PIS e o PASEP, tanto que trataram de mandar sais de fruta providenciais. Não sou perfeito como anfitrião, mas se tu quiseres, ficas com a lavagem, já que deitas junto aos porcos, isto será um regozijo, verás o paraíso, a terra nua em pelo, e vermelha, ressonarás como um cometa desenganado, desfilando por um firmamento de ontem. Tuas dietas não coadunam com estas protuberâncias vivas que carregas e que tanto me libertam ao tocá-las, espremê-las, afagá-las, e reflexos orgásmicos que retinem das bolsas de gordura em tua face me decantam, me encantam, sou outro depois de que esmagas.

You look too ugly to burn

Quer pão? Charming freak!

quarta-feira, setembro 24, 2003

Agora que eu cheguei em casa e havia um lixo de duas semanas acumulado, a privada por dar descarga, a pia suja até o teto, a calcinha suja dela em cima dos pratos, a água ainda quente, Darrieussecq não a inventou, é a ceborréia dos seus cabelos que a faz assim, imunda e, enquanto isso, decididamente alegre. Elle va coucher avec un porc.
Ela jorra do bidê, às quatro da manhã. E eu absorto nas minhas gastrites atávicas.

domingo, setembro 21, 2003

Certas coisas oferecem tanto repúdio que até o céu desapontar-se-ia. Existem certas mocinhas insípidas que desfilam por aí, sorridentes e populares, mas desinvestidas de acidez, luxúria, rumores de pecado, particularidades mínimas de qualquer ser decente. Elas fedem enquanto dormem, porque não aprenderam a se limpar. Queria eu pegar uma dessas para criar. O abate viria logo em seguida. Traz para mim que eu rearranjo e ela vira o focinho desinibida. Desnuda ela é gorduchinha, ela arrebita os peitinhos, ela roda, senta e sente cócegas. Ela só não sabe o que quer. Ainda.

"Ah, uh, uh, elas estão descontroladas". Coloca noz moscada em suas xanas. Les épices dans ta con.

sexta-feira, setembro 19, 2003

Não sou revolucionário.
Muito menos rebelde pueril.
Faço das suas palavras o desterro para o mundo infinitesimal
Onde impera o caos, a barbárie, sangue refinado, melaço em pó
Destruo se você quiser os vales que nos impedem
Mas no momento, não me chame de revolucionário.
Soy, además, precioso
Y llevo conmigo un corazón ambiguo
Ahora no tengo ganas de mucho más
Preciso mesmo é de una siesta.
Para acordar quando passarem as criadas metade lhama
Quem sabe, então, a gente montasse um picadeiro
Fazendo da arte um grande comício
Cuspindo bem longe o sumo quente que restou da inocência
No rosto do povaréu em plena tarde que torra.

quarta-feira, setembro 17, 2003

Desisti da autoflagelação. Não tenho grana para o furador de gelo. Queria algo que arranhasse a garganta, um ácido corrosivo, que pelo menos abrisse um buraco na laringe. Mas só há chá de senhoras agressivas e dentes afiados. Vou enterrar minhas moedas para a posteridade.


Desisti de você suando frio à meia-noite.


Desisti deste seu sexo avarento, que só se preocupa em fremir.

sábado, setembro 13, 2003

Luvas de pelica
Desculpa-me. Pelos teus cabelos arrancados, a pele escamada, os olhos destroçados, o fígado opilado, a carcaça destruída. Desculpa-me se te feri com palavras cortantes e saliva ácida. Desculpa-me pelos tais e quais de explicação inexata, irreprimível naquele momento em que tu não te reconhecias, muito menos as condutas ao redor. Desculpa o cerceamento dos teus desejos de pessoa portadora de prerrogativas inerentes à espécie. Desculpa-me, ainda, pelos doces mal feitos, a diarréia contumaz, o mistério dos choques interfemurais, a lamparina acesa à meia noite, enquanto o que mais querias era adormecer acima de qualquer circunstância d'além mar. Desculpa deixar o rádio ligado na emissora odiosa, enquanto eu arrancava tuas unhas, tuas orelhas,
teus dentes e mamilos. Por fim, só exijo que me desculpes, porque a intenção não era abominar-te, mas apenas utilizar teu belo esqueleto como adorno cerimonial, como muito autoritariamente me sugeriu uma senhora de porcelana. Um dia ainda fugiremos, acreditas da mesma forma que eu finjo. Senão, não tem graça. Quando tu te recompores em matéria límpida e glorificante.





Você me acorda vestida de Kate Bush, infernizando com aquela Wuthering Heights e nem percebe. Depois diz que eu sou cruel.
Let me in-a-your window.

domingo, setembro 07, 2003

No princípio, era eu gargarejando. Não era o verbo carnoso desfiando os códigos. No princípio, era eu fazendo caras e bocas de perplexidade e vigorava a tônica do esfacelamento. Era eu embriagado no tédio absoluto de mar em ressaca. Era eu uma aleivosia assustadora de dois metros e setenta e cinco embalando canções de ninar. Era eu sem cinco contos para o cinema.
Era eu beiços leves. Era eu saco cheio de tudo e todos comendo pão mal assado. Era eu insensato e eu tranqüilo sem coração fazendo o rumo das palavras e letras sonoras que um dia formariam a civilização.
Enfim, era eu sem grana e desinventando o que havia de sério.

sexta-feira, setembro 05, 2003

Sometimes I feel so happy.

Sometimes I feel so strange.

Sometimes I feel so ugly.

Sometimes I feel so crazy.

And for always i´ve been sick.

Sai pus?

terça-feira, setembro 02, 2003

Olha Aristófanes, a vida, essa sim, esta mesquinha que te esbugalha os olhos, esta é uma cruel, Aristófanes. Tu te levantas todos os dias com as mesmas perturbações solitárias e azias melancólias, Aristófanes, e esta vida mesquinha te arrota no rosto, com fúria e perversidade. Olha, Aristófanes, são marcas dessa mesma suspeita, dessa insuportável e raquítica, triste maquiavélica, ela te acende e deturpa os nervos, o tato, a fala e a vontade. Ela te enlouquece com esse maldito som pop. Cuidado com o carro, Aristófanes. Vê se olha por onde anda.