domingo, maio 30, 2004
Retomo laços com a origem, perco o bonde. No percurso, me entretive com aqueles fantasmas e formas insensatas que atravessavam o caminho, o passado, aquele pó tomando o carro, meu pescoço doía e meu cérebro apunhalado. Porque quando se arrisca o retorno, deve-se ter em vista os calafrios atemorizantes, os mistérios e o risco de se perder na viagem.
quinta-feira, maio 27, 2004
Vamos sair perambulando, à exibição, com aspecto de pérfidos, porém inalterados ante as incertezas vulnerantes. Vamos fingir que somos forte e que temos capacidade para enfrentar mundos. Simplesmente fingir, como todos fazem, e não ter que preocupar com isso.
domingo, maio 23, 2004
E de te pedir uma história original, tu me vens, há sete anos, com estas histórias conspiracionistas de folhetim mimiografado.
Por que não tomas chás de erva-cidreira ou de outra substância de efeito análogo?
Durma bem. Amanhã acordo cedo.
Por que não tomas chás de erva-cidreira ou de outra substância de efeito análogo?
Durma bem. Amanhã acordo cedo.
sexta-feira, maio 21, 2004
Réquiem é ouvir culpado o barulho de ar-condicionado, esperando um professor sapo-boi que não aparece. Réquiem é esta sonoridade pútrida como a voz dele propriamente. E isto não é clichê, é a máxima cotidianidade. Erros e desníveis nas tolas expectativas. Este simplesmente é o vulgar réquiem. Para quem sai de casa, que se diga.
quarta-feira, maio 19, 2004
Permitir que os cercados se dobrem
E as flechas desviem
E o maldito réquiem não perdure
Entornar o caldo da vingança
Elucubrar astuciosamente as manobras
E, mesmo que a disposição não seja esta,
Aproveitar a apatia do espírito
Para ser mais e mais cruel
Porque não é todo dia que se toma fôlego
Para estruturar vaidade
Aliás, quase que em dia nenhum
Se tem o descanso dos ânimos
Num perfeito enquadramento entre a liberdade de decidir
E a ausência de vozes espúrias maculando o veredicto.
a ouvir The Pretenders - Brass in pocket
E as flechas desviem
E o maldito réquiem não perdure
Entornar o caldo da vingança
Elucubrar astuciosamente as manobras
E, mesmo que a disposição não seja esta,
Aproveitar a apatia do espírito
Para ser mais e mais cruel
Porque não é todo dia que se toma fôlego
Para estruturar vaidade
Aliás, quase que em dia nenhum
Se tem o descanso dos ânimos
Num perfeito enquadramento entre a liberdade de decidir
E a ausência de vozes espúrias maculando o veredicto.
a ouvir The Pretenders - Brass in pocket
sábado, maio 15, 2004
Perquirir os limites: eis o enfado para quem sequer saiu do ponto originário. Constroem a palavra que tenta te soerguer. Me insurjo apenas para reiterar, então, que inconformismo nunca foi necessário, para que suprimentos, me pergunto, para que novidades e infraestrutura hiperbólica. Para que carnavalização desta vulgaridade, senhora? Aceita como regra. Se não bastam minhas chinelas, ambas compradas nas feirinhas de canto, por que insistir? Às calçadas são resistentes e às faixas de trânsito também. Para que tanta indagação, se tudo é o simples trânsito amorfo, sol a pino frita o ar, silêncio, espera no congestionamento. Então, estou simples assim, e apenas espero. Não aspiro a seus desencantos com vestes de pompa.
ouvindo P.J. Harvey - Is that all there is
ouvindo P.J. Harvey - Is that all there is
domingo, maio 09, 2004
E de pensar que amanhã as bolachas terão acabado...
E não há mercados abertos,
Nem eu serei tão certo,
De sair pelas ruas descalço
À busca angustiante de água e sal, simplesmente.
Tenho mais compromisso com a reclusão.
a ouvir Beth Gibbons and the Rustin Man - Show
E não há mercados abertos,
Nem eu serei tão certo,
De sair pelas ruas descalço
À busca angustiante de água e sal, simplesmente.
Tenho mais compromisso com a reclusão.
a ouvir Beth Gibbons and the Rustin Man - Show
sábado, maio 08, 2004
Os mal entendidos, as necessidades prementes da alma, os refúgios de consolação todos estes estendidos nesta grande e permissiva barriga. Não obsta o retorno ao útero, não impede um imperioso abraço. Dali, surgirá uma nave que transporte, enfim, aos pântanos da profunda paz. Da dormência exclusiva.
terça-feira, maio 04, 2004
Qual é a proposta da modernidade? Uma tulipa reluzente enquanto tótum?
Mamãe, onde colocaste meu tabu?
Mamãe, onde colocaste meu tabu?
domingo, maio 02, 2004
Ofereça seus sentidos
A anestesia dos momentos mais difíceis, aqueles que não se apagam, mas que não causam o mesmo efeito quando despontam no pensamento, essa anestesia, creio eu, seja alguma dádiva de grande monta oferecida por algum deus bondoso que se compadece com a tragédia dos humanos. Essa dose de torpor que envolve as mentes numa segunda-feira à noite, da mesma forma de que quando você traga um cigarro ou deita e adormece puro, sem sonhos ou pesadelos, sem palavras surgindo aleatoriamente. Simplesmente dorme. Onde vende esta anestesia, não sei, talvez ocorra por acaso, mas que é fundamental para a sobrevivência, a continuação, a transcendência das dores, isso sim, não há dúvidas. De onde vem, tampouco me ocorre, mas certamente é basilar para qualquer tipo de sobrevivência, seja esta tua de ilusões proscritas, seja esta minha de resignações e embaraços.
A anestesia dos momentos mais difíceis, aqueles que não se apagam, mas que não causam o mesmo efeito quando despontam no pensamento, essa anestesia, creio eu, seja alguma dádiva de grande monta oferecida por algum deus bondoso que se compadece com a tragédia dos humanos. Essa dose de torpor que envolve as mentes numa segunda-feira à noite, da mesma forma de que quando você traga um cigarro ou deita e adormece puro, sem sonhos ou pesadelos, sem palavras surgindo aleatoriamente. Simplesmente dorme. Onde vende esta anestesia, não sei, talvez ocorra por acaso, mas que é fundamental para a sobrevivência, a continuação, a transcendência das dores, isso sim, não há dúvidas. De onde vem, tampouco me ocorre, mas certamente é basilar para qualquer tipo de sobrevivência, seja esta tua de ilusões proscritas, seja esta minha de resignações e embaraços.
sábado, maio 01, 2004
Pegar carona com borboletas multicores fugindo do céu, e Ziggy na espaçonave flutuante em sabão de côco neste lado sideral do universo também pode oferecer qualquer dúvida quanto à possibilidade de civilização por estes raios. E este é o deleite propriamente. Beira quando se acorda sexta-feira pensando que são 20:00, mas são apenas 00:49 do dia de sábado heróico e displicente. Passo a devorar abelhas e o mel sem visgos e aqueles rumos da misericórdia, esta que sempre se aniquila como uma suicida ante meu ódio próprio e minha risada vascular, ó pena dela de optar pelo sonho, nostalgia, desejos de estardalhaço e ardilosos estratagemas do passado, não nas alegações finais, mas nas decisões ante todos os meus empecilhos e acordo e durmo, mas nada é deleite ao ponto de vomitares. E ninguém te diz oi, mas te acostuma que é assim mesmo. Sempre falta uma vírgula ou um conectivo. Volto de ônibus lendo sobre a unicidade do tempo.