A verve do espírito não reflete as adversidades do corpo. Destes códigos inúmeros de contradições, efervescência, manobras espúrias, guardo reservadamente pouco, mas no alto, as palavras incandescentes, flores nascendo em poros estéreis, desculpas, atraso, disfuncional paraíso. As serenas e cálidas manhãs soprando o ar bruxuleante das horas, finas e adocicadas manhãs que por detrás te escondem um amargo rancor, um perigo latente, problemas infinitos depontando como tumores no seu próprio peito, não cabem ilusões num segundo sequer destes momentos falsos, destruidores e, amiúde, humilhantes. Destravam-se as correntes e tu te libertas intensamente perdido, conflitos pululando, não sabes para onde ir. Às vezes uma voz pontifica um passo, uma miragem, algum sentido, mas logo vês o quão frágeis são estas paragens. Fogo-fáctuo. Tentas regressar, mas o máximo que podes conseguir é um grito na água rasa das misericórdias. E não pense se tratar de matéria onírica, pois a rigidez e imobilidade das coisas te impregnarão. E te sentirás só, numa forma de abandono alijada de qualquer ilusão ou rebuscamento.
Sinto muito em ter vindo apenas para fazer silêncio.
Sinto muito em ter vindo apenas para fazer silêncio.